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VOLTA À ILHA - ADRIANE RODRIGUEZ

  • Adriane Rodriguez
  • 13 de abr. de 2015
  • 3 min de leitura

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A proposta era fazer apenas UM trecho, o mais difícil o #morromaldito. É um trecho de chão batido, a estrada é ampla, e tem diversas residências. É um bairro localizado no Ribeirão da Ilha, na Praia dos Açores, mas todos que participam da prova conhecem como “Morro do Sertão” ou “Morro Maldito”. Exige MUITA força muscular (passei por muitos atletas nas subidas) e muita resistência aeróbia (pulmãozinho tem que ser bem treinado) esse conjunto só se adquire fazendo treinos mais longos e específicos (aí a necessidade de treinar em temperaturas mais elevadas e terrenos mistos), não dá para pensar muito, TEM que treinar!

Levei um cinto com uma garrafa de água, e algumas oleaginosas, apenas. Me alimentei bem antes da largada, e fui tomando pouca água durante o percurso. Me lembro de ter visto 2 postos de hidratação. Parei, breves segundos, em apenas um deles, que estava localizado no topo da última subida, na estratégia de poupar a minha água para o restante do trecho.

Na minha mente ficaram registradas 4 subidas BEM difíceis (na minha opinião a pior é a última, muito mais inclinada que a Lucas de Oliveira – tipo 3x mais - para quem é de Porto Alegre vai saber identificar) mas a parte MAIS difícil é a descida. Pois até chegar nela, foram cerca de 8km entre aclives e declives, então, imagine ter que descer em apenas 1km todo esse percurso.

"Não rolar" era quase um desafio (não conseguia parar na descida, tiveram momentos de muito medo, em que eu pensava “tá, agora eu vou tentar descer mais devagar”, impossível! A inércia era muito maior que a força da mente J. O negócio era olhar no chão e tentar pisar nos lugares onde tinham menos pedras redondas, mais partes de terra lisa, para não cair de fato. A escolha do tênis é muito importante também, precisa ter “garras” para auxiliar, não que fosse ser totalmente efetivo, mas ajudou muito! E aí pode-se extrapolar outras estratégias: pisada com o calcanhar e erguendo bem os pés atrás, para não sobrecarregar nenhuma articulação ou mesmo a lombar, entre outras.

Uma coisa que me chamou bastante a atenção é que fui muito aplaudida durante todo o percurso, que não tinha quase nenhuma mulher (vi apenas uma, no inicio), os demais eram homens, que também enfrentavam a mesma dificuldade. Não vi nenhuma pessoa correndo nas partes onde era muito inclinado, me senti mais “conformada”, não era só eu! Teve um atleta mais experiente que passou por mim em uma das montanhas e me deu algumas dicas para economizar energia, como deixar o braço flexionado simulando a posição da corrida, mesmo que eu estivesse caminhando.

Bem, terminada a descida que acabou com todo o glicogênio do meu quadríceps, ainda restavam 5km para completar o percurso, que tinha uma topografia bem acidentada também, nada de plano. O piso era asfalto mas o terreno tinha subidas e descidas. Tive cãibras de chorar! Mas parei, alonguei, e segui em frente. Olhava pouco para a quilometragem que faltava e mais para tentar manter o rimo da passada, na minha experiência, quando se deixa ”quebrar” o ritmo, é concordar com a derrota. Para correr tem que se ter espirito de sacrifício, e pode acreditar, é só contrariar aquela voz que vem de dentro dizendo: diminui, diminui, que funciona! De verdade!

Chegando na transição, avistei meu colega e passei a pulseira para ele prosseguir, daí seriam os últimos dois trechos, ele faria a base aérea e depois a chegada. Fui para o carro de apoio para descansar e me deslocar até onde estavam os outros colegas, mas por motivo de força maior, meu colega não pode fazer os 6km finais, tínhamos um tempo limite para chegar, não havia mais ninguém próximo da transição, somente eu, então disse: eu estou bem! Posso fazer! Eu estava recuperada, já na transição e com a cabeça muito "boa", então, optamos por fazer a troca e me presentear com a maior das emoções que ja senti, a chegada.

Foi demais a energia que senti, os meus colegas de equipe me recepcionando, incentivando, correndo juntos os últimos metros. Fazer o trecho mais difícil e receber essa energia tão maravilhosa não há nada que consiga se comparar, nem todo o dinheiro do mundo seria suficiente. Obrigada a todos que me acompanham e torcem por mim.



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Adriane Rodriguez é nutricionista esportiva e clínica, corredora com experiência em provas de montanha e colunista parceira do CORRER É FÁCIL.

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