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MARATONA DO RIO DE JANEIRO - PAULA MALLMANN

“Caminhei de volta, atrás de um táxi. O Pão de Açúcar continuava lá, com o bondinho, a areia, os barcos e os reflexos do sol na água. O rapaz de camiseta verde tinha razão: Aquela foi a maratona mais bonita que corri.”


Foi esse o trecho do livro Correr, de Dráuzio Varella, que me fez abrir mão da agradável sensação de correr no frio de Porto Alegre para correr no calor da Maratona do Rio de Janeiro. Fiz a inscrição consciente de que o meu maior desafio seria a temperatura e treinei constantemente exercitando a mente para isso, certamente fez a diferença ao longo da prova.



Era feriadão e aproveitei os dias com minha mãe e irmã no Rio, sem perder o foco na alimentação e nos treinos leves, conforme planejado, orientado e treinado por 4 regrados meses. Tudo ia muito bem até o tradicional mate de beira de praia do Rio mostrar seu poder... Eu e minha irmã passamos bem mal de sexta para sábado e depois de muito rezar melhorei ao longo do dia, foi um susto e tanto.

A prova sai do Recreio do Bandeirantes, passa pela Barra da Tijuca, Praia do Pepê, Elevado do Joá, São Conrado, Leblon, Ipanema, Arpoador, Copacabana, Leme, Botafogo e termina no Aterro do Flamengo.


Domingo, 4:40 da manhã, meu ônibus saiu do aterro do Flamengo em direção ao Recreio. São muitos ônibus exclusivos para a prova, na edição de 2016 foram 8.500 inscritos para os 42,195km.


A largada foi pontual, 7:30 e o sol já estava mostrando a manhã linda e quente que teríamos pela frente. Nos primeiros 15km mantive velocidade constante, exatamente como havia planejado. Pensei comigo mesma: “parabéns, estamos indo muito bem”.


Foi perto dos 21km que senti o calor pesando. A água não era exatamente de 3 em 3km conforme prometido, a batata doce e as balinhas que levei não funcionaram, pois me molhei muito e ficaram intragáveis. Por sorte tinha um gel de carboidrato e acabei usando o Gatorade como suplemento, tudo diferente do programado, tudo adaptando à situação do momento. As praias pareciam bem mais extensas do que eu havia imaginado, o mar uma imensidão e, juro, o sol parecia mais perto da Terra. Cada mudança de praia um alívio, uma nova onda de gente aplaudindo, dando força, gritando, é lindo de ver.


Leblon, Ipanema e Copacabana tem um gostinho especial, o público é mais presente ainda e participa muito nestes 10 últimos kms. Ao passar por Botafogo, mudar a paisagem e passar a enxergar o Pão de Açúcar me fez muito bem, dei uma respirada forte, resfriei o corpo e me preparei para a chegada, seria demais.



No Aterro o público gritava, batia palmas, não havia espaço vazio e nem silêncio. Baixei a música, queria viver aquilo com mais intensidade. Acelerei no último km impulsionada pelo sentimento único de superação, enxerguei o pórtico, ouvi e vi minha mãe e irmã gritando, gelei por dentro, me arrepiei, passei o pórtico e então lágrimas que não haviam aparecido na minha primeira maratona surgiram no meu rosto. Foram 3 horas e 55 minutos, tempo acima do previsto e 20 minutos a mais do ano anterior, mas que me deixaram muito feliz e satisfeita.



Acho na Maratona de POA em 2015, em casa, por ter tido apoio quase toda a prova, conhecer muitos corredores e ao mesmo tempo terminar tão surpresa com meu resultado, que rendeu inclusive um pódio, acabei bloqueando o sentimento. Desta vez não, no Rio fui eu sozinha com a minha mente todo o percurso e aquele mar de desconhecidos na chegada foi realmente emocionante.



O tal “rapaz de camisa verde” do livro tinha mesmo razão, é uma prova linda, vale muito a pena.

Aproveito para dizer que ainda dá tempo de fazer a nossa maratona de Porto Alegre 2016 ser emocionante também, a campanha Viva Maratona POA foi criada para isso, vamos todos para as ruas na manhã do dia 12 de junho fazer algumas lágrimas descerem no rosto dos maratonistas!



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