MARATONA DE AMSTERDÃ - STÉPHANIE NASCIMENTO E MARCOS MARÇAL
- Stéphanie Nascimento e Marcos Marçal
- 22 de out. de 2015
- 4 min de leitura
Foi enquanto comíamos a famosa macarronada pré-maratona que definimos o horário que nos encontraríamos no dia seguinte para o café da manhã: 07h30. Ao contrário de muitas outras provas, a Maratona de Amsterdã tem a sua largada mais tarde, às 09h30, saindo do Estádio Olímpico. Mas é preciso voltar alguns dias no tempo, quando retiramos os nossos kits para as provas.
Na sexta feira, por volta da hora do almoço, fizemos uma rápida visita ao Estádio Olímpico e tivemos uma idéia do que seria entrar naquela arena no grande dia! Do alto da arquibancada, deu pra ver o quão majestoso seria o início das nossas jornadas rumo ao grande desafio do ano: nosso recorde pessoal nos 8 e 42km! Um super herói maratonista em tamanho gigante escoltava a porta de entrada do Centro de Convenções, um legítimo funk carioca parecia tentar afugentar o frio e uma fina garoa que caia.

Logo na entrada, os balcões para a retirada dos kits estavam alinhados, de acordo com o número de peito previamente enviados carinhosamente por correio pela organização da prova. Era necessária apenas a apresentação da carta para retirar o número de peito, que já vem com o chip, folhetos de informação e um brinde da SafeID, que permite a leitura de informações médicas através da leitura de um QRCode... A simpatia e gentileza dos voluntários da organização foi marca registrada, sendo inclusive permitida a troca da camisa por outros tamanhos, uma vez que é preciso escolher o tamanho no momento da inscrição.
Com os kits nas mãos, seguimos para um segundo grande hall, onde a Mizuno, uma das patrocinadoras do evento, faria a apresentação dos produtos e artigos oficiais da maratona... Tênis oficial da prova, camisetas, moletons, casacos, bonés, bandanas e até uma pantufa laranja em formato de tamancos holandeses podiam ser comprados ali, sem qualquer fila ou demora, apesar da grande quantidade de visitantes. Além da Mizuno, também haviam outros expositores, como a Asics, a CEP (produtos de compressão), a Saucony e diversos outras marcas esportivas. Ao contrário das feiras do Brasil, aqui são eventos, o espaço é enorme, amplo e com inúmeros produtos.
Num terceiro pavimento, as exposições sobre outras maratonas do mundo, com folhetos e vídeos de divulgação. A feira já era, em si mesma, uma verdadeira maratona! Saímos com a sensação que, da próxima vez que voltaríamos ali, seria para enfrentar os nossos desafios! E foi assim que, então, no dia da corrida, acordamos às 06h30, tomamos o café da manhã reforçado e deixamos o hotel pontualmente às 08h! Tínhamos decidido ir até o Estádio de Tran, nosso mais conhecido bondinho... O percurso demoraria uns 20' e, aquela hora do domingo, não haveria muitos problemas...
Quando chegamos ao ponto, tivemos a sensação que deveríamos ter saído meia hora mais cedo, pois os dois bondes que passaram por nós já estavam lotados e o jeito foi entrar numa van que fazia às vezes de uma lotação até o Estádio. O custo foi de €5 por pessoa, mas naquela hora pagaríamos até mais! Enfim, chegamos a tempo para usar um dos inúmeros banheiros e mictórios químicos pela última vez, mesmo com os 15 minutos de fila. A largada da maratona seria do lado de dentro do Estádio Olímpico, que já estava com grande parte das arquibancadas cheias. Muitas bandeiras espalhadas e inúmeras saudações!

Quando entramos no Estádio lotado, a sensação foi incrível e como um gladiador, pensei: "For those who are about To run, we Salute You". A largada, separada em ondas, tinha sido dividida pelo tempo estimado de conclusão de prova. Eu, Marcos, estava no pelotão com término estimado entre 3h e 3h30. Num primeiro momento, achei que haveria tumulto na passagem pelo pórtico de largada, mas logo após o estampido que dava início à maratona, percebi que um afunilamento anterior era proposital para que os atletas já pudessem largar com velocidade. Não teve caixote nenhum!
A prova corta boa parte da cidade e passa por inúmeros pontos turísticos, inclusive pelo túnel do Rijkmuseum. E apesar do frio e da constante chuva fina, a torcida se estendia da saída do Estádio pelas ruas, canais e parques de Amsterdã. Corremos os primeiros cinco quilômetros até o primeiro ponto de hidratação com muita torcida nas ruas, além de banda com música ao vivo. A animação do público foi constante, mesmo na parte do percurso que saia da cidade e seguia ao longo do Rio Amstel, onde se pode ver alguns moinhos de vento típicos e algumas vacas (holandesas) pastando.

A hidratação da prova deixou a desejar. Até o 30km, os pontos de hidratação, com isotônico e água, eram dispostos de 5 em 5km e, depois, nos km 32, 35, 38 e 40, também com gel de carboidrato. A hidratação nas provas longas é um cuidado muito importante e a distribuição em 5km foi insuficiente, mesmo com a temperatura por volta dos 5oC. A chuva não deu trégua, e o frio, castigou muito o corpo já cansado e, perto do 30km, quebrei por conta das cãibras.
A torcida incentivava, comovidos com a minha dor, afinal restavam apenas 4km. E foi assim, mesmo com esses pequenos contratempos que consegui atingir meu objetivo inicial e quebrar meu recorde pessoal, concluindo a prova em 3h15min. Quanto aos oito quilômetros estes foram de muito foco e pouca observação do percurso. Não me lembro por onde passei. A vontade e a preocupação com o tempo a ser batido era constante. Era a minha segunda vez nessa distância e, por isso, não queria fazer feio. Sem contar o frio! Esse doía até a alma, ainda mais com a companhia ingrata da gelada garoa que nos acompanhou durante todo percurso.


Uma das coisas que mais me chamou atenção era que a corrida fluía em bando, mas cada um no seu espaço, isso dava uma ótima sensação. Aqui as pessoas parecem realmente respeitar o Pace informado para a largada... Não foi uma corrida fácil. O ritmo foi mais forte do habitual e eu, Stéphanie, acabei batendo dois recordes: passei os cinco quilômetros para 29 minutos e os oito para 41 minutos. A felicidade não poderia ser maior, quase 10 minutos mais rápidos do que da última vez!
Por ser um evento voltado para maratona achei que faltou água para os corredores dos 8km. Fora isso, a largada foi excelente seguindo a mesma ideia de ondas da maratona. Tudo muito bem sinalizado e com muito apoio da população. Uma experiência única que ficará marcada para sempre!
Que venham novas aventuras!
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