ESPECIAL CASSINO ULTRA RACE - MARCOS ROSA

Após sete meses de treinos, chegou o dia 12 de novembro, 6 horas da manhã e foi dada a largada. Foram noites sem sono pensando nesta largada. Saiu...54km. Na 1ª base de apoio, tranquilo, só reabastecer líquido...89km. Na 2ª base de apoio, mais tranquilo impossível, reabastecer líquido, comi uma mistura de batata, cenoura com frango e estava bom. Ali peguei o que tinha deixado nas Drop Bags, e sai, já final do dia, rumo a 3ª base de apoio – 132km, Chegou a noite, o vento já vinha castigando, mas tudo bem, estava preparado.

Quando a noite chegou já se ouvia as tormentas - não dei importância, mais à frente a chuva chega forte, e cada vez mais se intensificava...até que me dei de conta que estava encharcado e com frio, parei peguei uma manta térmica, que se resgou com o vento, até que cheguei na 3ª base de apoio – 132Km, molhado, pois ainda chovia muito, isso era 1h da madruga – não sei direito, lembro que sai 1h26, quando vi no relógio. Bem era hora de trocar de roupa, meias, jantei, tomei café, enfim, significava demoras mais nessa base...tudo tranquilo, me sentindo bem fisicamente, (1º erro), deveria ter feito uma análise do tempo, e esperado um pouco mais ali, pois ainda chovia muito.

Preocupado em não perder a 3ª posição parti para a 4ª base de apoio – 177km, após andar 20km +-, acredito que foi centro do temporal, já estava pela segunda vez encharcado, (2º erro) material inadequado, a capa de chuva não suportou tanta chuva. Acabei de pegar a segunda manta térmica - eram duas - e que não suportou e rasgou ao meio, foi quando começo a ter descargas elétrica e chover e ventar muito mais forte, me deitei atrás de uma duna, lembro da hora era 4h20, com muito frio não consegui aquecer (foi o ponto mais crítico para mim, achei que iria morrer, estava só na praia), pois a manta térmica era pouco, vento era muito forte, pensando em alguém da organização passar, coloquei duas lanternas pistando, em vão, fui tapado totalmente por areia, e, 5h50 estava amanhecendo, devo ter adormecido, levantei, ainda continuava só na praia.

Estava muito assustado, não tinha ideia de quanto tinha andado, resolvi retornar a base 3º, pois em direção a base 4ª o tempo estava muito fechado, e se eu pegasse mais um temporal não resistiria, foi quando encontrei uma camionete da organização com ultras abandonando a prova. Foi quando fui informado de como estava a prova, resolvi continuar na prova. Peguei o que tinha restado da manta térmica coloquei por baixo da capa de chuva...caminhei por 15 minutos, foi quando a cabeça começou a falhas...retrocedendo tudo que tinha passado minutos a trás, acho que a sensação da morte que me deu... deitado atrás de uma duna, já com hipotermia, achei que não sairia dali. Nessa hora decidi parar, recorri a um carro de apoio da prefeitura de Rio Grande que passava pela praia e retornei para a base 3, ali terminou a prova pra mim.

Agora é descansar, e claro anotar as falhas, e pensar na edição de 2016.