ESPECIAL CASSINO ULTRA RACE - MÁRCIA LIMA
- Márcia Lima
- 19 de nov. de 2015
- 3 min de leitura
Um desafio pessoal que se transformou em uma experiência inesquecível. Desde que fiquei sabendo da prova Cassino Ultra Race eu decidi que iria participar, uma prova que me atraiu justamente por suas dificuldades correr contra o vento, sol, areia, escuridão, por lugares inabitados por seres humanos. Feita a inscrição, falei com Francisco R Junior Tito (Chico) se poderia me passar o treino, planilha na mão começamos um trabalho de muita dedicação e comprometimento.
Chegado o grande dia eu havia decido correr com a camiseta da Miriam Caldasso para homenageá-la, foi minha primeira treinadora e faleceu no mês de outubro. Entrega de kits, congresso técnico, encontro com amigos e fazendo novas amizades, todos ansiosos pelo que iríamos enfrentar. Depois de revisar 3 vezes as drop bags que ficariam nos pontos, a Magda Chagas e Ana Luiza não aguentavam mais ver eu mexer nas sacolas.

Hora da largada, contagem regressiva e todos vão em rumo ao inesperado. O SOL vai mostrando que é forte e o vento sempre contra. A água que levei nas mochilas e nas garrafas não foram suficientes até o 1º PC (54km) cheguei com muita sede, me alimentei, abasteci e quando ia sair as câimbras deram sinal de vida, prontamente a Maria Vargas e o fisioterapeuta Marcão me ajudaram com massagem e reposição de sódio, assim que recuperada parti para o 2º PC.
Com a mochila bem pesada o esforço bem maior que o previsto, mas tudo indo bem, na companhia do corredor Oscar Luiz Jaeger a noite cheguei no PC 2. Jantei, abasteci, organizei as lanternas que era hora da escuridão. Mais um corredor se junta a nós o Marcelo que gostaria muito de saber como ele ficou porque o EXTREMO aconteceu, já estávamos cansados, com sono, uma escuridão imensa e mais alguns corredores se juntam a nós.

Começa os primeiros sinais de chuva foi o tempo de colocar as capas e a tempestade desabou sobre todos, ventos de 180km/h chuva de granizo, raios, não conseguíamos caminhar o vento nos carregava, quando víamos estávamos dentro do mar, o desespero era grande, fazia um esforço tremendo e não enxergava a chegada do PC 3 , foi me afastando de todos e consegui chegar no PC 3 ( 132km) acho que minha aparência não era das melhores, encontrei o Chico meu treinador que ficou feliz em me ver me deu as recomendações te alimenta, descansa, e espera aliviar o temporal, ele logo em seguida saiu.
No meio dos outros corredores deitei, todos encolhidos no chão com mantas térmicas. Descansei um tempo quando chegou o caminhão com o pessoal que foi resgatado estavam resolvendo a situação de todos se voltavam, se a prova seria cancelada, na decisão do organizador de continuar a prova eu voltei, na saída o Alemão (nome dado ao cachorro) foi atrás de mim, aí era tempestade de areia, mal conseguia caminhar, a Alemão corria na frente e voltava me buscar, andei mais uns 10km e comecei a perder as forças e a previsão de mais uma noite de temporal me fizeram parar. Tive que abandonar o Alemão que provavelmente acompanhou o próximo corredor porque ele completou a prova.

Até agora meus sentimentos se misturam, um misto de derrota, arrependimento, alegria e satisfação de estar viva e ter participado da primeira edição da CUR. Na premiação uma surpresa fui premiada com um troféu de 1º lugar na categoria decisão da organização de premiar por ordem de passagem no PC 2, depois refletindo devolvi meu troféu para a Maria Vargas porque não me achei merecedora, as mulheres que foram resgatadas poderiam ter continuado e talvez concluído e eu optei em parar, disse para Maria ano que vem eu volto e conquisto um troféu por completar a CUR. Fiz aproximadamente 142km.
Agradeço a todos meus amigos e familiares que torceram por mim. Essa experiência jamais esquecerei, superação, força, calma, amizade, respeito, humildade e muito amor pela vida isso faz de nós ULTRAMARATONISTAS EXTREMOS.
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