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TRC TRAIL DOS AMBRÓSIOS - JULIANO MACHADO

  • Foto do escritor: correrefacil
    correrefacil
  • 23 de nov. de 2015
  • 6 min de leitura

Loucura fazer uma viagem dessas de ônibus só pra correr? Loucura pra mim é deixar pra amanhã, é deixar uma oportunidade passar. Meu relato desde hora que saí de casa para participar da prova Trail dos Ambrósios da TRC, em Tijucas do Sul, Paraná.


Sexta-feira 21/11/2015, acordei as 5:55 hs, peguei minhas coisas pra corrida e fui para a rodoviária, chegando lá comprei a passagem para Curitiba e sentei no banco par a aguardar a hora de embarque. Para minha surpresa, minha irmã foi até lá pra me dar um abraço e me desejar boa viagem, achei o máximo isso! Embarquei no ônibus e durante as 13 horas de viagem revezava entre dormir e ler o livro “50 maratonas em 50 dias”, livro muito bom que ganhei da minha irmã.



Cheguei em Curitiba por volta das 21:00 hs, agora a missão era ir até o aeroporto, alugar um carro e partir para Tijucas do Sul o mais rápido possível, pois eu queria pelo menos saber onde seria a largada da prova, pois não conhecia nada por lá, mas quem tem boca vai Roma... (risos). Da rodoviária até o aeroporto fui de lotação, cerca de 50 minutos, confiei no motorista que me diria onde desembarcar para agilizar o máximo o processo, não vou negar que eu estava nervoso, pois as vezes eu pensava “ e se eu não chegar a tempo pra lugar o carro? E se não tiver mais carro disponível a essa hora? Imagina eu vir até aqui e não chegar a tempo da prova...”


Mas, até então deu tudo certo, depois de colhidas algumas informações, peguei o carro e fui rumo a Tijucas, pelo GPS daria uns 70 km de Curitiba. Chegando em Tijucas ao sair do asfalto peguei uma estrada de chão e fui seguindo as placas da organização da prova para chegada até o ponto de largada, isso já era por volta de 00:20, só eu na estada, ninguém pra eu perguntar se eu estava certo, mas pelas placas eu estava certo, andei uns 10 km mais ou menos e em uma bifurcação, como eu já estava fazendo, segui a placa, porém o que eu nunca iria imaginar é que “vândalos” tinham invertido o sentido da placa, andei por não sei quanto tempo esperando avistar alguma placa de orientação , mas como ali não era o caminho certo não teria placa nenhuma.


Cheguei em um ponto em que não tinha mais pra onde ir, era o fim da estrada, aí me deu medo, pensei e agora?! Fiz o retorno e voltei até um ponto da estrada que eu tinha ficado em duvida pois tinha outra entrada, segui aquele caminho que não me levou a lugar nenhum, fui parar em uma fabrica de carvão, e o medo aumento...( risos). Voltei para a estrada principal onde eu vi a ultima placa e ao chegar lá me deparo com o Ricardo, organizador da prova, ajustando a placa na posição correta, conversei com ele e o segui até o local da prova.


Dormi no carro das 2:00 às 6:00, acordei já com a movimentação do pessoal para a largada dos 42km que seria as 7:00 hs e a dos 25 km o embarque no ônibus as 7:20 que nos levaria até o ponto de largada. Me organizei, me alimentei, acompanhei a largada dos 42k e após a checagem de itens obrigatórios que os corredores deveriam portar, embarcamos em dois ônibus e seguimos até algum lugar.



No ponto de largada o clima era de descontração entre os corredores e apreensão, pois estava chegando a hora de entrar mato a dentro e poucos sabiam o que nos esperava. Antes da largada conversei com alguns conhecidos de outras provas que fizemos juntos e outros que eu nunca havia visto antes, o clima entre a maioria dos corredores é de fazer novas amizades. Antes da largada conheci pessoalmente, conversamos e tirei foto com uma das minhas ídolas do Trail Running do Brasil, Letícia Saltori, uma guerreira linda e muito simpática, logo na largada consegui acompanha-la por uns 2 km e depois nunca mais a vi durante a prova.(risos).


Até a metade da prova, lá pelos 12 km, estamos correndo juntos e entre os 8 primeiros eu , Alexandre Nogueira e outro que não sei o nome, estávamos bem a vontade em um ritmo forte, já havíamos passado por umas duas ou três travessias de rio, descidas fortes, estrada de chão e um pouco de trilhas. Pouco antes de começar a primeira grande subida da prova começou o desconforto no joelho e princípios de câimbras.




O lugar é fantástico, nem sei descrever, mas era um morro muito alto composto por uma vegetação rasteira e pedras grandes fazendo um contraste com a cerração baixa e o vento forte deixando uma paisagem de cinema, lá de baixo dava pra ver os corredores que estavam subindo na nossa frente, pareciam formigas escalando aquele morro e se olhássemos para traz viríamos os que vinham mais atrás descendo o outro morro.


Quando as câimbras apertaram de vez eu parei e os dois caras também pararam para me dar um forÇa, um deles me deu uma capsula de sal, tomei e seguimos, imediatamente as câimbras diminuíram e eu tomei a frente deles, subi o morro bem, controlando as câimbras, deixei-os para traz na subida e segui firme. Ao chegar la em cima e olhar para traz a sensação era de pura gratidão por estar num lugar daqueles e por ter conseguido subir, porém, tudo que sobe desce e a missão agora era descer pelo outro lado daquele morro, e agora o percurso era por uma estrada de chão, eu prefiro trilhas, mas a estrada estava ali nos esperando, diminuí o ritmo por conta da forte dor no joelho.



Não demorou e um dos guris encostou, conversamos um pouco e eu disse pra ele que poderia seguir firme porque eu não ia o acompanhar. Durante a descida já tive dar uma paradinha pra alongar e depois do fim da descida eu estava com as pernas muito pesadas e o joelho parecia que não ia me dar trégua, a dor estava me vencendo. Segui intercalando entre um trote e caminhada e por vezes tive que deitar na grama para alongar e descansar, me ajoelhava e me alongava de todas as formas que eu sabia. É triste tu ver os caras te passando e por mais que a mente queira seguir correndo o corpo não dá conta, é nessas horas que tu pensa em muita coisa pra buscar motivação e seguir, parece que os km finais eram intermináveis e assim como vários outros corredores acho que me perdi no percurso, não tenho certeza, mas pelo que conversei com os caras que se perderam corremos uns 4 km a mais.


A ideia de chegar entre os 10 primeiros já tinha ido lomba abaixo, pois mais de 5 corredores já haviam passado por mim, eu já estava pensando que se eu chegasse entre os 20 já estava bom ou se eu conseguisse completar já era o suficiente. Enfim comecei ouvir o eco da vós do narrados, eu estava chegando e aí mais um cara passou por mim, saí do mato e entrei na estada de cão de novo e já avistei a chegada, não consegui nem caminhar direito, não consegui segurar as lagrimas e passei a linha de chegada caminhando, fui direto pra massagem e para o gelo.



Depois de reestabelecer a condição física, me alimentado, tomado banho e tudo mais esperei a premiação para ver como eu estaria na classificação, fiquei em 15º na classificação geral e 4º na categoria, não subi ao pódio porque a premiação era somente até o 3 na categoria. Óbvio que fiquei triste na hora, pensei, tudo aquilo que sofri pra nada, nem um trofeuzinho?! C


Como já era hora de começar voltar pra casa, ao sair de lá todo dolorido e sem troféu liguei o radio do carro e as musicas boas que estavam tocando me fizeram lembrar de todas as pessoas que me ajudaram para que eu estivesse lá, desde a minha irmã que foi até a rodoviária pra se despedir de mim e me desejar boa viagem, minha amiga Ana Cristina que me emprestou o corta-vento, o André Batista que me emprestou a manta térmica e a todos que de alguma forma me dão energia positiva pra continuar correndo e tentando fazer melhor. Assim volto pra casa com muito mais a agradecer do que pedir ou reclamar, agradecer a Deus pela saúde e por tudo que a vida me proporciona.


Passagem comprada agora e mais 12 horas de viagem para chegar em Porto Alegre no domingo pela manha logo a tarde já tinha que estudar pra várias provas da faculdade que seguem durante a semana. Sobre a lesão no joelho, agora sim vou obedecer o que o médico mandou e vou parar de treinar e correr por um tempo, volto em 2016.


 
 
 

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