IRONMAN - WALTER TLAIJA - IRON MAN 70.3 PUNTA DEL ESTE
- Walter Tlaija
- 1 de dez. de 2015
- 3 min de leitura
No domingo passado, dia 29, fiz minha última prova do ano, o 70.3 Punta del Este. Por conta dos fortíssimos ventos e da água muito gelada, a natação foi cancelada. O início da prova deu-se com o ciclismo, e os atletas largaram por ordem numérica, a cada cinco segundos, ao estilo contrarrelógio. Larguei entre os últimos, imediatamente atrás do meu irmão. Enquanto subíamos da bicicleta, já tinha gente terminando a primeira das duas voltas de 45km.

Para quem conhece Punta: a largada aconteceu no hotel Conrad, e saímos em direção a Punta Ballena, enfrentando aquela chata subida que passa por trás da Casa Pueblo, depois descendo e indo mais uns 10km, até o primeiro retorno. Desde o início, imprimi um ritmo bem forte, despreocupado com frequência cardíaca, potência ou velocidade. Só pensava em fazer força! Muita força! Os 22km de ida foram contra um vento absurdo, que parecia tentar nos derrubar. Na volta, em direção ao hotel, com o vento ajudando, tentava andar o mais rápido possível. Finalizada a primeira metade, chequei alguns dados no ciclocomputador. Fiquei espantado e satisfeito com os 272 watts de potência e 180 batimentos cardíacos por minuto. Isso é bastante forte pra mim! Na segunda volta, já bem dolorido, tratei de não deixar o ritmo cair muito. O vento, que tinha aumentado, e as subidas aniquilavam as pernas, e foi sob esforço absurdo que completei o ciclismo com 262w de média.

Com os pés no chão, ao longo dos 21km, eu sabia que enfrentaria os maiores problemas, pois uma lesão séria no calcâneo me fez não treinar corrida adequadamente nos últimos dois meses. No entanto, mesmo com bastante dor já desde o início, encaixei um ritmo satisfatório e fui ganhando terreno. Corremos por toda a península, sempre costeando o mar, partindo do Conrad e indo até o monumento Los Dedos, onde estava o primeiro retorno. De volta ao hotel, terminada a primeira de duas voltas, cuidei o relógio e calculei a minha distância em relação aos principais adversários. Aproximava-me dos que estavam na frente e abria dos que estavam atrás. Desses, apenas um corria mais forte que eu e encurtava a distância: meu irmão. Tinha largado a bike uns três minutos antes dele, e no último retorno da corrida, no km 16, a distância tinha caído pra um minuto. Eu estava realmente preocupado!
O cansaço era intenso, a fadiga tomava conta, a dor da lesão era horrível. Eu estava fazendo uma grande prova, porém, e um belo resultado se desenhava. Um lugar no pódio era provável e uma vaga para o mundial era possível. Era preciso manter o ritmo por mais cinco km, só! Mirei mentalmente a marca do km 19 e até ela fui sem diminuir a velocidade, ignorando dor, câimbras, cansaço. Determinei que dali até a chegada eu daria tudo que ainda restasse em mim, faria o possível e o impossível, mas não seria ultrapassado.

E assim foi. Cruzei o pórtico rindo, vibrando, comemorando, absolutamente satisfeito. O prazer e a alegria aumentaram quando, um minuto depois, vi meu irmão chegar, esgotado, morto, exatamente como eu cheguei, e com a mesma sensação de dever cumprido. Nos abraçamos muito, pois realmente tínhamos feito uma baita prova! A festa ficou completa quando, horas depois, na premiação, fomos chamados ao pódio, ele em 3º e eu em 2º lugar. E, como se não bastasse, conquistei a vaga para o mundial de 70.3 do ano que vem, em setembro, na Austrália. A felicidade é enorme e não imagino melhor forma de ter encerrado o ano!

Walter Tlaija é triatleta, gaúcho, e participou do Mundial Iron Man 2015 em Kona, no Havaí. Colunista do CORRER É FÁCIL, ele escreve sobre os seus treinos e preparação para seus desafios. Em 2016, Tlaija vai disputar o Mundial de Half Iron, na Austrália.


























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