SEU ADÃOZINHO - PERSONAGENS
- Correr é Fácil
- 11 de dez. de 2015
- 2 min de leitura
O cruzamento da avenida Loureiro da Silva com a rua General Lima e Silva em Porto Alegre sempre ficará marcado na memória do zelador Adão Rodrigues Dorneles, o Adãozinho, de 75 anos. Era mais uma tarde comum, o calendário marcava o dia 15 de maio de 2015. Como sempre fazia no horário de intervalo do trabalho, o zelador andava cerca de três quarteirões para buscar o lanche em um supermercado da Cidade Baixa, que fica no mesmo bairro do edifício em que o homem trabalha há 15 anos. Mas aquela tarde seria diferente, marcante, ou melhor, trágica.

Apaixonado pela corrida de rua e com a experiência de dezenas de maratonas, além de outras provas mais curtas, o atleta Adãozinho estava acostumado a andar, mais que isso, correr pelas ruas da capital gaúcha, mas naquele dia foi surpreendido. Quando atravessava a rua, o maratonista foi atingido por um carro que teria cruzado no sinal vermelho. "Ele foi arremessado vários metros e ainda tentou se levantar quando caiu. Todo mundo diz que quando ele foi socorrido parecia que ele estava praticamente morto", afirmou Heloísa Guterrez Dorneles, esposa de Adãozinho há 23 anos.
Desse momento em diante, o corredor sempre presente nas provas em Porto Alegre passou a travar uma luta pela vita. Foram 30 dias na UTI do Hospital de Clínicas. O quadro apresentava traumatismo craniano, além de fratura no maxilar e de dez costelas que acarretou a perfuração do pulmão. Coincidência ou não, o primeiro dia de lucidez após o acidente foi exatamente na data da Maratona de Porto Alegre. "Ele acordou e a primeira pergunta que ele fez foi sobre quem teria ganhado a Maratona", conta a esposa.

Com o passar do tempo, a recuperação foi muito melhor que o esperado. "Os médios me disseram quando recebi alta que o fato de eu ser atleta e praticar esportes diariamente fez com que eu tivesse força para me recuperar muito mais rápido. O esporte literalmente salvou minha vida", disse Adãozinho.
Dia 29 de novembro de 2015. Exatamente seis meses e 14 dias após o acidente e a Corrida da Sogipa , na capital, seria mais uma data importante para o zelador maratonista. Ali, o que parecia impossível após o atropelamento, se tornou realidade. Adãozinho voltou as corridas. Foram 5 km em 44 minutos, mas uma vitória sem igual e com direito a pódio. "Me sinto muito mais aliviado. Estava ansioso com o dia em que voltaria a correr . Voltei devagar, mas estou muito feliz que estou no meio desse pessoal que eu amo e fazendo o que mais gosto de fazer que é correr", disse o maratonista.

Após a primeira prova após o acidente, Adãozinho faz planos de correr a Maratona de Porto Alegre em 2016. "Estou de volta a vida ativa e para mim esporte é isso: amizade, saúde, convivio com o pessoal e alegria. Quero correr muito ainda e vou continuar enquanto eu viver", afirmou. "Nunca perdi a esperança de que ele um dia voltaria. Foi muito emocionante vê-lo chegar, porque foi uma vitória enorme. Nenhum médico acreditava que ele pudesse estar aqui como está", disse a esposa.

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