top of page

RETROSPECTIVA 2015 - FELIPE BOSS

  • Felipe Boss
  • 28 de dez. de 2015
  • 3 min de leitura


Meu ano de 2015 foi muito atípico. Teve apenas 13 provas, diferente das 37 disputadas e concluídas em 2014. Foi um ano com coisas boas e ruins. O ano que começou com apenas 1 foco fazer o melhor tempo que desse na maratona internacional de Porto Alegre.


Janeiro passou e com o calor senegalês que imperava em Porto Alegre, os longões e os tiros de velocidade eram a base sendo preparada. O mesmo sucedeu ao longe de fevereiro e março. Eu via todos os meus amigos e alunos disputando provas e eu ali apenas treinando. Mas tudo bem.


Abril chegou e trouxe consigo minha primeira viagem pra correr em outro estado. A cidade escolhida? Rio de Janeiro, a famosa cidade maravilhosa. A prova? G4 da Asics, apenas os melhores 21km do país. Momentos antes da largada eu já estava com o coração pulsando forte. Me sentia um leão enjaulado prestes a sair pra caçar depois de muito tempo. E assim o fiz. Cacei desesperadamente o tempo de 1h e 40min na meia maratona, mas o calor me fez adiar essa marca e fechei em 1h e 41. Mas ainda assim voltei mais seguro do que nunca que iria fazer uma grande maratona.


Provas longas continuaram a fazer parte do meu calendário até que chegamos ao dia 14 de junho de 2015. Esta data marcava a minha passagem a outro nível de atleta, agora eu me tornaria maratonista. A prova mais nobre do atletismo mundial. Fiz uma maratona que poderia ter sido melhor. Largamos Maratonista Salgueiro e eu pra 6'30" de pace. A idéia era largar pra 5'00" imagina a força que fizemos dentro dos primeiros 21km pra passar dentro de nossas metas. Esse esforço cobrou caro a partir do km 33.


O Salgueiro estava melhor fisicamente que eu e o mandei seguir em frente enquanto eu sustentava mentalmente o pace de 4'50". Brigava com a minha cabeça a cada instante. Aí recebi o auxílio e a força de dois amigos muito queridos, Anderson Izidoro e Luis Carlos "DALE DALE" Pletsch. Me reergueram de forma providencial, pois eu já trotava na prova e as 3hs e 30 que eu queria para marcar minha estréia, já eram passado. A meta era apenas completar. Assim o fiz. No meu relogio 3hs e 39min, no tempo oficial da organização 3hs e 40min. Era oficial, os deuses do Olimpo me graduavam maratonista. Foi meu momento de glória máxima neste esporte.


Passada a maratona, passei a conviver com sucessivas lesões nos joelhos e que me tiraram da Maratona mais difícil do Brasil, a Uphill Marathon em SC. Triste demais, pois eu vivia minha melhor fase até então. Correndo solto e leve. Mas faz parte.


Veio então o período parado onde a incerteza da volta tomava conta de meus pensamentos. Acupuntura, fisioterapia e uma terapia mental diária pra não me entregar. 8kg a mais marcavam na balança, mas fui a Brasília para novamente correr a G4. Lesionado e sem treinar desde 22 de junho, o destino me reservava a prova mais dura e mental da minha vida. Motivo para estar lá? Homenagear minha mãe, falecida em 19 de agosto.


Estar em Brasília foi muito legal, conhecer outro lugar e uma nova cultura, desbravar os 21km no calor senegalês do DF era tarefa árdua, sem treino e sem volume então? Seria uma epopéia. Mas o fiz. As dores me acompanharam do km 3 da prova até linha de chegada, o sofrimento foi algo que nunca senti parecido na vida. Corria mancando e hora caminhava.


Corri 18km com as piores dores que senti na minha vida, chorava a cada km vencido, cada vez que a linha de chegada se aproximava, as lágrimas escorriam atrás do meu óculos. Ao chegar eu só queria desmoronar. Mas aí ocorreu algo diferente, como por mágica a dor cessou por breves instantes e eu só lembrava da minha mãe. Era por e ela que eu corria com a faixa preta na camisa pela última vez, ali terminava meu luto e o pranto cessaria. De onde ela está me olhando, sei que se orgulhou, eu levava pra casa na mala, não apenas uma medalha de finisher mas também o símbolo de minha luta e minha entrega nos 18km pelos quais eu sofri calado.



Terminava ali meu ano de corridas. De lá pra cá são sessões e mais sessões de fisioterapia. A volta não tem data ainda, mas o objetivo já está traçado. Ironman 2017 aí vamos nós. Obrigado a todos que me apoiaram e me incentivaram neste ano. Que em 2016 possamos ter todos, quebra de recordes pessoais e todos os objetivos alcançados, e de preferência sem lesões. Saúde a todos e feliz 2016.


 
 
 

Comentarios


© Correr É Fácil. Direitos Reservados.

  • b-facebook
  • Twitter Round
  • Instagram Black Round
bottom of page