IRONMAN - WALTER TLAIJA - RETROSPECTIVA 2015
- Walter Tlaija
- 30 de dez. de 2015
- 3 min de leitura
O ano de 2015 não poderia ter sido melhor. Alcancei os objetivos traçados, atingi as metas, evolui como o planejado. Alguns resultados surgiram sem pretensão, meio de surpresa. Outros, porem, custaram grande esforço e preparação árdua. Esse foi, certamente, o meu melhor ano como triatleta.
Em janeiro, praticamente sem treinar e com uma lesão bem chata no pé, fiz minha primeira prova: o short triathlon de Laranjal, em Pelotas-RS. Não me dou bem nas curtas distancias – 750m de natação, 20km de ciclismo e 5km de corrida, nesse caso – mas optei por participar só pelo fato de competir, de botar o corpo em teste. Nadei mal, pedalei bem e corri quase parando, por conta da dor e do destreino. Valeu a pena, mesmo assim.
No inicio de março, em Canela, na serra gaúcha, competi em uma prova de média distancia, realizada em um percurso bastante duro. Dessa vez, já treinando corrida normalmente e pensando na preparação para o IM Brasil, estava bem condicionado e encaixei uma bela prova. Conquistei minha melhor colocação ate então, um segundo lugar geral, atrás apenas de Lucas Pretto e à frente de caras como Ricardo Nilson e Roberto Lemos, por exemplo. Fiz uma boa natação, um ciclismo arriscado, praticamente suicida, e uma corrida estratégica, na qual fui ganhando posições importantes.

O grande objetivo do primeiro semestre aconteceu em maio: o Ironman Brasil. Por ser minha primeira experiência em longa distância, encarei o treinamento com cuidado, concentrado em ouvir os sinais que o corpo dava. No dia da prova não foi diferente, e me mantive atento às respostas físicas ao mesmo tempo em que buscava o equilíbrio mental, sem alternância de humor, sem euforia ou desânimo. Tudo correu como o esperado durante a natação e o ciclismo. Comecei a corrida confiante e ciente de que a vaga para o mundial no Hawai se tinha tornado viável. Nos 21km finais da maratona eu só precisei guardar a posição que ocupava. Terminei em 4º lugar na categoria 25-29 anos, com a vaga na mão e extremamente feliz.
De forma inesperada mas não por acaso, o maior desafio do ano foi o World Ironman Championship, no Hawai, em outubro. Foi absolutamente incrível! Prova mais dura que já fiz, lugar mais legal que já conheci. Lá tive contato com o triátlon de verdade, com o alto nível, e vi de perto os melhores do mundo. Fiz uma prova absolutamente conservadora. Respeitei, respeitei e respeitei. Sofri muito, mesmo assim, e obtive não o resultado que eu queria, mas um bastante satisfatório. Completei a prova com menos de 10 horas, o que é bastante complicado quando se fala de Hawai; fui o melhor gaúcho na competição e o melhor brasileiro na categoria. Voltei para casa feliz, realizado, mas com a sensação de não ter terminado o trabalho. Quando for para lá de novo será para conseguir um bom tempo, algo na casa das 9h20min. Anotem.

Meu ano competitivo terminou com uma prova que era pra ser festiva, comemorativa, sem grande cobrança ou expectativa. Cheguei para o 70.3 Punta Del Este, no Uruguai, descansado, leve, satisfeito com o que tinha sido conquistado até então. Uma lesão séria no calcâneo me impediu de correr desde o mundial, então direcionamos o treinamento, Verônica Bardini (minha treinadora) e eu, para o ciclismo. Desde o primeiro km até o último, fiz toda força que pude.
Terminei a etapa bem posicionado e comecei a corrida animado, ao mesmo tempo que inseguro por conta da lesão. Não sabia se correria um, cinco, 10 ou 20km. Não sabia em que ritmo conseguiria correr nem o quanto a dor iria atrapalhar. Por isso, simplesmente corri, sem preocupação. Não usei GPS e apenas escutei o corpo. Fechei a etapa sentindo dor absurda e com média de 3´55”min/km. Subi ao pódio na segunda posição da categoria 25-29 anos, ao lado do meu irmão, que subiu em terceiro, e conquistei vaga para o mundial de 70.3 do ano que vem, na Austrália.
Termino o ano bastante satisfeito, feliz com tudo que foi conquistado e com o trabalho que eu e a Verônica fizemos. Poder contar com ótimos parceiros de treino, com empresas dispostas a ajudar e apoiar faz toda a diferença, e espero que em 2016 sigamos por esse mesmo caminho. Vem muita coisa legal pela frente! Feliz ano novo, turma!

Walter Tlaija é triatleta, gaúcho, e participou do Mundial Iron Man 2015 em Kona, no Havaí. Colunista do CORRER É FÁCIL, ele escreve sobre os seus treinos e preparação para seus desafios. Em 2016, Tlaija vai disputar o Mundial de Half Iron, na Austrália.
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