ESPECIAL TTT 2016 - EZEQUIEL GONÇALVES
- Ezequiel Gonçalves
- 2 de fev. de 2016
- 2 min de leitura
Respeito. Humildade. Gratidão.
Começo escrevendo essas três palavras pois neste momento é o que melhor representam o que sinto.
Foram 11hs35m de prova e quase 82km.
Foi uma experiência incrível, repleta de vários sentimentos. Um deles prevaleceu, persistência. A prova foi muito difícil, bem mais do que eu esperava. O tempo (clima) estava excelente, a areia em sua maior parte firme, durante boa parte do percurso pouca gente na beira da praia, o que é uma coisa a menos para nos preocuparmos. Bom, vamos a prova.

A estratégia até o km 35 estava dando certo, porém, era o terceiro trecho, o mais longo, sendo assim o mais difícil. E por uma falha minha não carreguei mantimento suficiente para tal trecho, faltou água e não consegui comer o gel. Fiz um trecho de quase 9km sem água e praticamente sem comida.
Foi quando um outra atleta, o Flávio, encostou e começamos a dividir o sofrimento, "faltou água, tô com fome, tô quebrando" e conversamos até chegar no posto de troca. Ali fiz uma parada de 4 minutos. Comi, bebi, carreguei os mantimentos e fui. Já estava acima da previsão inicial e já estava começando a pesar o psicológico. Pensava em tanta coisa, amigos, família, estratégia, dor, muita dor.

Confesso que em alguns momentos pensei em abandonar a prova, porém não fazia parte da estratégia. Saber que muita gente estava me apoiando, que muitos torciam por mim me fez continuar. Quando comecei a cansar alternei entre trote e caminhada, comecei a me guiar pelas guaritas, corria duas e caminhava uma, corria três e caminhava uma e ainda na companhia do Flávio, fomos juntos até o km 58, dali parti num trote mais acelerado e solitário.
Volto a ter dores fortes, meus pés estavam me matando. Chego no próximo posto de troca e decido trocar os tênis, as meias e seguir rumo a linha de chegada. Ainda faltavam 2 trechos, mantive o foco, cansado alternei entre trote e caminhada, chego no último posto de troca, pego um gel, bebo Powerade, como algo salgado e deu, agora eram mais 8km e logo estaria com meus amigos e familiares. Meu filho estava lá me esperando e esse é o meu melhor troféu, meu melhor recorde, meu melhor tudo.

Agradecimentos a minha esposa por todo o apoio dado durante a prova, ao meu treinador Juliano Maciel da Winners Assessoria Esportiva, foram essenciais para a realização dessa loucura que é uma Ultramaratona. E quem sabe ano que vem, com mais experiência eu volte.
No início citei três palavras: respeito, humildade e gratidão. Respeito pelo próprio corpo, pelo limite. Humildade para encarar o desafio e saber reconhecer os erros (no meu caso, estratégia) e gratidão para agradecer, pois mesmo com todas as adversidades eu completei a prova.
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