CORRIDA: A ALEGRIA DA VONTADE - ENTRE RODAS E ASAS
- Karol Cordeiro
- 8 de abr. de 2016
- 3 min de leitura
Sou Geógrafa, sou Doula, sou dançarina, sou corredora , sou mãe. Sempre sonhei em ter três filhos.
Sou mãe da Ana júlia, de 11 anos, do Pedro de 9 , e da Giovana de 6 anos. O Pedro aos nove meses desencadeou uma síndrome raríssima Chamada Aicardi Goutieres. Ele perdeu toda a movimentação do corpo, a fala, mas eu não perdi a esperança de faze-lo feliz.
Em meio a tanta dor, eu só enxergava amor.
A corrida se tornou um combustível que nos dá força para viver. Nela encontramos alegria para continuarmos em movimento para uma vida feliz. Na corrida pudemos nos reinventar.

Nunca havia corrido. A corrida nasceu junto com Pedro, que de uma nova froma de uma maneira muito especial, me mostrou outro significado da maternidade. A força não provém da capacidade fisica, mas de uma vontade indomável. Tempo, medalhas nada disso é importante. Tem algo muito forte que nos move. A sensação de Vida! O movimento da esperança de vida longa.
Quando o Pedro era pequeno , tinha uns quatro meses e sem nenhum sinal da síndrome, estava o amamentando e passando os olhos em videos da internet quando me deparei com um pai correndo, nadando e pedalando numa prova de triatlon com o filho.
A cena que ele tira seu filho do bote, e o carrega me emocionou demais... chorei e aquela cena nao saiu da minha cabeça. Mal sabia que um ano e meio depois iria descobrir que o sono do meu filho, a progressiva perda de movinentos e um diagnótsico de uma síndrome rara e terrível o deixaria tetraplégico.

E no ano de 2012, no dia das maes, com o Pedro numa cadeira de rodas e inspirada no Dick Hoyt, pedi permissao para correr com o Pedro. E alguns dias antes da corrida , minha mae me presenteou com um livro. Era Devoçao , que conta a história deles. Li numa sentada e escrevi um email para eles Dick e seu filho Rick Hoyt.
Escrevi que aquele video e o livro me dera forças . Me abrirarm os olhos da mente. Um caminho diferente que me aguardava, mas queria trilhar .
Os treinos são verdadeiras terapias do amor. Fazemos tiros, e quando diminuo o ritmo meu Pedroca ri, como quem diz" vai mãe, para não". Na vespera de toda corrida, quando arrumo as camisetas, o numero do peito e as tênis juntinhos, olho pra ele e pro céu. Bem baixinho ele entende no meu olhar o que estou dizendo: - Obrigada Deus pela preciosa vida do Pedro.
Obrigada pelo presente de poder emprestar as minhas pernas, bracos e ar para que ele corra. Obrigada Deus por ele dar seu coração ! Um diagnóstico não muda um destino, um amor sim!
Enquanto muitas mães brincam com seus filhos nos parques correndo, pulando amarelinha, pique pega, jogando bola.... Eu e o Pedro brincamos correndo! Nas subidas eu grito: "filho vou sentar no seu colo, me leva". Ele vai às gargalhadas.

Uma vez corremos numa corrida cross parque, estava frio, tinha barro, lama, era uma trilha de terra. Respigava água de terra nele, ele olhava pra mim e eu dizia. Sente a vida! Olha o vento! Que momento lindo foi . Ele se sentiu uma criança . Esqueceu as dores, esqueceu que nao fala, que nao anda...
E as coisas difícies que passamos na vida, na corrida evaporam com o suor.
E sempre nos postos de àgua, dou água primeiro pra ele...sempre!
Meu atleta tem de estar sempre bem hidratado!
E meu troféu, eu sempre ganho quando o portão da minha casa se abre e partimos para mais uma corrida.
Sua vida é o meu melhor prêmio.

Créditos fotos: Corre pra Foto
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