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ULTRA FIORD - ANDRÉ ARAND

  • André Arand
  • 25 de abr. de 2016
  • 3 min de leitura

Meu nome é André Arand e sou corredor amador. Sempre gostei de subir montanhas então quando iniciei nas corridas naturalmente me identifiquei mais com as corridas em trilhas.

Me inscrevi na Ultra Fiord 2016 após completar a minha primeira prova de 100k (Indomit Costa Esmeralda). Senti muita dificuldade com a altimetria nessa prova e assim fiz um treinamento específico para melhorar o meu desempenho e sofrer menos para completar uma prova desse nível.


Cheguei em Punta Arenas (Chile) na quinta-feira(14/04) cedo para poder ir a Puerto Natales e comprar o que preciso a tempo de descansar antes da prova. Na retirada do kit, a primeira surpresa e decepção. Por conta de uma tempestade e frio inesperados, os percursos seriam alterados. O meu passou de 114km para 92km e não passaria mais pelo glaciar, a parte que me chamou a atenção para a prova. Na verdade, essa foi uma das poucas decisões que se mostrou acertada tomada pela “DESorganização” da prova.


Na manhã seguinte, estava no Hotel Rio Serrano para a largada as 8:30 com um casal de amigos que iriam fazer a prova de 30k no outro dia. Estava bem frio, mas sem muito vento. O primeiro desafio era escolher a melhor roupa para largar. Saí tranquilo e fui conversando os 3 primeiros km com o Gustavo Maia do programa Fôlego, gente boa que conheci na hora.



Cheguei no Km 8, já perto do final da subida na floresta, com 1h15 no posto de abastecimento. Fiquei 2 minutos e continuei para não esfriar. Mal sabia que o próximo posto ia demorar muitas horas para chegar. No Km 14 - com 2h23 - chegamos ao ponto mais alto da travessia. Ventava muito forte e estava nevando. Eu tirava proveito por ter escolhido a roupa ideal (camiseta, segunda pele com uma camada de fleece fino e corta vento), pois, ao contrario de muitos outros, não precisei parar para tirar ou colocar o casaco, o que, nessa condição, pode ser muito complicado. Correr nesse cenário de pedras cobertas com neve era incrível, pois eu sentia uma emoção muito forte pelo desafio, mas não podia perder a atenção e nem parar nem um segundo. A prova estava muito bem marcada e após quase 10 kilometros começamos a descer para a floresta.


Os postos prometidos para o km 23, 31 e 36 simplesmente não existiram. Passei por 3 pessoas muito carregadas e depois fiquei sabendo que estavam atrasadas para abastecer um posto. Como eu levava 2 litros de agua na mochila e também bastante castanhas e gel, não senti tanto essa falta.




Chegando em Estancia Perales no km 48 com 7h45, eu estava ansioso pelo meu Dropbag. Alguns metros antes, tivemos que atravessar um rio de quase 1 metro de profundidade. Apesar da troca de tenis e meia, comecei a ter bastante frio na parada e tive que me apressar para comer a comida quente deliciosa que eles me ofereceram. Tomei uma Coca e levei um gatorade junto para tomar depois, caso faltasse outro ponto de apoio prometido. E assim, realmente o posto do km 59 não estava lá. Começou a nevar forte de novo e passei frio para pegar minha Headlamp.


Comecei a sentir o cansaço e cheguei no posto do km 71 com 11h30 precisando comer algo diferente. Assim, o pão com geleia estava perfeito. E junto com mais 4 chilenos, entre eles um da prova das 100 milhas, partimos em um quinteto. Assim, um motivava o outro. Alternamos trotes longos com caminhadas curtas para recuperar. Chegamos no posto do km 86 que estava abandonado e peguei uma maça debaixo da neve. Logo vimos a cidade e chegamos todos juntos as 22h50 com 14h20min de prova.



A chegada sempre é muito emocionante quando temos vontade de nos abraçar, chorar e dar muita risada contando o que passamos. Mas logo a vontade de tomar um banho e cair na cama era maior que tudo e ficamos com as lembranças do desafio vencido.


Mas tudo se transforma em tristeza quando ficamos sabendo da morte do Arturo, o mexicano na prova das 100 milhas, provavelmente por hipotermia. Uma argentina e uma brasileira ficaram 3 dias na montanha aguardando resgate e tudo isso expõe ainda mais a precariedade da organização da prova. A Patagonia é maravilhosa e merece que esses graves erros sejam corrigidos para que futuramente tenhamos outras provas desafiantes porém mais seguras que essa.


 
 
 

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